Nada, diz São Paulo, é capaz de nos separar do amor de Deus. A qualidade deste amor manifesta-se no gesto realizado por Jesus, cujo significado nos é revelado pelo contexto mais amplo no qual está inserido. Pouco antes, Mateus narrou a execução do Baptista por Herodes, que teve lugar dentro do contexto de um banquete preparado para o aniversário do rei. À lógica de um poder que tira a vida, Jesus responde com a lógica oposta de um serviço que dá a vida. O milagre dos pães profetiza o que Jesus fará no fim da sua vida também devido a esta lógica que o seu dom manifesta. Mesmo assim, à violência daqueles que o condenam à morte, ao pecado dos seus discípulos que o traem ou negam, Jesus responderá com o dom do pão, um verdadeiro sinal da sua vida que é oferecida no amor por eles e por todos. O que realmente nos satisfaz não é tanto o pão, que o nosso corpo também precisa, mas o amor, como dedicação total de si mesmo, que Ele nos comunica. Os discípulos dão totalmente o pouco que têm; Jesus oferece inteiramente a sua vida; as multidões recebem tudo o que precisam. O pouco, quando é dado no amor, com uma atitude que visa inverter a lógica do ódio e da violência, sacia verdadeiramente a vida. Como adverte Isaías, corremos muitas vezes atrás de água e pão que não nos alimentam. O Senhor dá-nos sabedoria para discernir o que realmente nos faz viver.

Comentário da Comunità di Dumenza
Tradução do f. Paulo Domiciano, Curia Generalizia